sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Um jeito mineiro de ser

Estamos em Minas desde terça e é nosso segundo dia em Tiradentes. O que nos impressiona - além da arquitetura e da beleza simples das cidades - é a simpatia do povo daqui. Numa das nossas últimas caminhadas por São João, seguindo pela Rua das Casas Tortas, tivemos uma surpresa maravilhosa: um senhor que estava sentado na calçada nos cumprimentou quando passamos e nós, é claro, retribuimos o cumprimento. Na nossa volta, ele pediu pra que a gente esperasse um pouco porque tinha simpatizado conosco e ía nos dar um presente. Isso mesmo, um presente assim do nada. Ele foi dentro da casa e voltou com um desenho muito bonito da rua onde estávamos que um amigo dele fez. Atrás do desenho, a assinatura dele e a data. Saímos dali encantados e - por que não dizer? - até um pouco emocionados.
Pois é, as pessoas aqui do interior são assim mesmo. Transbordam simpatia e boa vontade.
Assim que chegamos em Tiradentes nos assustamos um pouco com o preço das coisas. Tudo, de pousada à comida, é bastante caro. Com alguma pesquisa nos acomodamos e comemos bem por um preço razoável. Fora do Centro Histórico as coisas melhoram.
Ontem, quando caminhávamos perto da Matriz da cidade, encontramos um grupo com roupas coloridas e máscaras assustadoras, junto com um grupo de músicos: era o pessoal da Folia de Reis passando.
Nessa mesma rua ouvi um homem falando que tinha visto o ator Matheus Nachtergaele tomando cerveja sentado em algum lugar por ali. Seguimos o cara e logo vimos o Matheus entrando apressado em uma casa. Mas fecharam a porta e não vimos mais nem um fio de cabelo dele, uma pena.
Depois do episódio começamos a caminhada rumo a cachoeira da cidade. Caminhamos muito e chegamos a passar pelo limite das cidades de Tiradentes e Santa Cruz de Minas, mas fomos recompensados. A Cachoeira do Bom Despacho tem um nome horrível mas é belíssima. Tem três quedas e lugares pra escalar - até me arrisquei na subida com o Malta. Umas das partes mais altas tem um tipo de piscina natural formada por uma das quedas.
Na volta, sem muito ânimo pra enfrentar a distância até o centro, começamos a pedir carona. Tivemos sorte e conseguimos logo de cara. O bom samaritano que nos deu carona é um americano que mora aqui há 8 anos e conhece bem as trilhas e os locais de preservação da cidade. Nos explicou que havia um mangue onde podíamos ter ido e que era bem mais próximo de Tiradentes.
Enfim, decidimos passar a virada de ano por aqui mesmo e depois seguir para Congonhas. Esperamos que a viagem sobreviva aos gastos em Tiradentes.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Em Minas Gerais - PARTE 4

Finalmente saímos da selva de pedra chamada São Paulo e estamos vivendo a paz e a beleza de Minas Gerais. Não conseguimos ônibus para São João Del Rei na segunda de manhã, então compramos a passagem da noite. Chegamos assim que amanheceu o dia e já nos familiarizamos com o Centro Histórico.
Caminhar pela cidade é uma delícia. Andamos muito pelas ruazinhas meio desencontradas que sempre vão dar em alguma igreja grande e antiga.
E falando em igrejas, nunca vi um número tão grande em um espaço tão pequeno. Um pequena vista panorâmica da cidade já as revela - três, quatro, cinco delas - e todas belíssimas.
Ficamos em um hotel que data de 1898, bem em frente a Estação Ferroviária. Entre o hotel e a estação tem uma praça com um chafariz aberto que molha a gente quando sopra o vento. Uma surpresa super divertida e muito bem-vinda nesse calor.
Come-se muito bem aqui, e uma comida deliciosamente barata. Os lugares são aconhegantes e cheios de cor. Dois dias e já nos sentimos na casa de parentes não muito distantes.
É até engraçado pensar que São João é uma cidade relativamente grande (tem mais de cem mil habitantes), mas com uma cara de cidade pequena que chega a enganar. As pessoas se conhecem e se cumprimentam, sentam nas praças pra conversar. As lojas fecham às cinco da tarde e depois das onze quase não existe barulho por aqui.
Amanhã seguimos de trem para Tiradentes. Um presente pro Malta, que está de aniversário hoje.
Ainda vamos completar o chamado "Ciclo do Ouro" e conhecer Congonhas, Ouro Preto e Mariana. Não vejo a hora de seguir viagem.

domingo, 26 de dezembro de 2010

... PARTE 3

Sem muitas novidades desde a última postagem. Estivemos na Liberdade, mas aquilo é um comércio só. Pra pessoas não consumistas, o legal é ficar vendo o estilinho meio oriental das praças e construções.
Depois dessa passada rápida, seguimos pra Shopping onde minha irmã trabalha. De lá fomos pra casa dela, no Jardim Ângela. Foi uma ótima oportunidade de sair um pouco do Centro e conhecer a periferia da cidade. Diferenças gritantes de um lugar pro outro.
No mais, foi maravilhoso ver minha irmã de novo, ainda mais porque ela está grávida. Isso é incrível.
O próximo passo é ir pra Minas Gerais, provavelmente amanhã pela manhã. São 8 horas de viagem, maior tempão. Mas não tenho dúvida de que vai valer a pena.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

TÍTULO PROVISÓRIO - PARTE 2

Onde parei? Ah sim, na parte do bar de MPB.
Nós fomos lá na quarta à noite, e foi uma chatice. Barulho, gente metida conversando alto. Ficamos dez minutos e decidimos ir pra Rua Augusta, mas nos empolgamos com a caminhada e acabamos parando na Paulista, que estava lindamente iluminada pro Natal. Muitas famílias levando os filhos pra ver as luzinhas coloridas, a coisa mais linda. Mas o fim da noite foi num bar que estamos frequentando muito, na São João mesmo.
Já estava me esquecendo que estivemos na Pinacoteca! Coisas boas e nem tão boas por lá. O segundo andar está em reforma, então aquelas pinturas da Malfatti e do Portinari que queria que o Malta visse, ele não viu. Mas tinha uma exposição de fotos super interessantes, uma sobre países africanos e outra sobre uma artista mexicana. Saímos bem felizes e cansados de lá. Nos perdemos um pouco na saída e quase pegamos o trem pra não sei onde. Depois de umas voltas encontramos o metrô. Ufa!
Ontem de manhã fomos numa feira com chimarrão na mão. É engraçado perceber como isso chama a atenção das pessoas e vira pretexto pra uma conversa de uma forma muito legal. Primeiro batemos papo com a dona de uma banquinha de vestidos que disse que queria muito comer a erva do chimarrão, e nós relizamos o sonho dela. O pior é que ela gostou mesmo de comer aquilo. Depois paramos numa banca de um cara muito gente boa, que trabalha com teatro e escreve poesia. Poxa, o cara é amigo do Mário Pirata e publica na Agenda da Tribo. Depois dedicamos o dia pra nossa amiga Bru, que está com a perna engessada. Dia super agradável.

A volta foi um momento histórico pra nós: pela primeira vez, vimos o metrô absolutamente vazio (na Barra Funda). Queríamos ter tirado uma foto.
Enfim, a próxima fase é na casa da minha irmã, mas antes vamos dar um pulo na Liberdade.
Mais tarde conto como foi.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

TÍTULO PROVISÓRIO

Mochilas pesadas, presentes pra irmã, mateira, violão e uma dose grande de disposição - assim saímos de Santo Antônio na quinta, 16, rumo a Porto Alegre, onde pegamos o voo até Campinas. Apesar de um atraso de 45 minutos, chegamos sem maiores problemas por lá e ainda com alguma animação pra passar a noite praticamente em claro, vendo filme e conversando.
De lá seguimos morrendo de sono pro UNASP, em Engenheiro Coelho, pra rever os amigos que estavam se formando ( e os que não estavam também). Todos sorridentes e cheios de saudade - abraços e mais abraços.
A odisseia começa mesmo em Sampa, procurando o caminho pra Santo Amaro, onde assistimos uma cerimônia de ordenação diaconal do irmão do Malta, que é frei. O legal foi encontrar a família dele (que também veio pra cerimônia) na Estação Santa Cruz, procurando a saída. Depois de uma comemoração, fomos passar a noite numa casa de irmãos carmelitas (acho que é isso) e seguimos pra Estação República, em busca de um hotel barato - ou pelo menos acessível. Decidimos no mesmo dia que iríamos até a Sé, e pra isso pegamos o metrô. Descobrimos depois que a Sé fica do lado da São João e que o metrô e totalmente dispensável. Coisas da vida.
Ah sim, experimentamos a sensação de cruzar a Ipiranga e a São João, mas ainda estamos tentando entender o Caetano Veloso. Nessa esquina tem um bar de MPB super chique -talvez a gente vá lá pra pedir um copo de água.
Bem, acho que mais tarde continuo o diário de peregrinações.
Diário de peregrinações é um bom nome, talvez eu coloque como título depois.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

BATAM A PORTA

Posso dormir em qualquer lugar, mas por favor
pintem tudo de vermelho com listras verdes.
Encham as paredes com prateleiras de livros
pra que as palavras formem um círculo
e me protejam de mim mesma.
Pendurem um quadro colorido
pra que a cor me alimente.
E ao saírem, por favor
Batam a porta

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Auto-retrato de Frida Kahlo



quarta-feira, 1 de setembro de 2010


Tem dias em que você acorda e fica pensando em - possibilidades. E se dá conta de que são infinitas, e [quase] tudo vira de cabeça pra baixo. Mas a vida é assim, não dá pra abraçar tudo. Quero estar em SAP, em Sampa, em Madri ou na Grécia. Quero ler Neruda debaixo de uma árvore, dar aula de teatro e dançar tango. Tudo isso em uma única manhã. É isso - possibilidades.
A simples descoberta do livre-arbítrio, que surge cada vez mais quando você cresce. A maioria das pessoas usa pra isso uma palavra grandiosa - liberdade.
Partindo do princípio de que as nossas escolhas nos definem, as coisas realmente ganham força e essas questões parecem ter até certa importância, e provavelmente não só pra mim.
Uma vez li numa entrevista uma coisa interessante. Era com uma cantora que admiro muito - Ceú. Perguntada sobre o conceito de liberdade, ela disse: "Na adolescência a gente tem aquela idéia de liberdade, que na verdade depois parece meio falsa. Só me senti livre de verdade quando tive minha filha - o que é um paradoxo. Mas é que comecei a pensar "bom, se pude fazer uma filha, posso fazer qualquer coisa!", e isso pra mim é liberdade."
Taí uma coisa pra passar o dia inteiro pensando.

domingo, 1 de agosto de 2010

PROCURO ALGO SEM NOME

Cansei das atitudes consagradas,
das imagens pré-fabricadas,
das opiniões obsoletas e
idéias estagnadas.
Procuro algo sem nome.

quarta-feira, 21 de julho de 2010


Breve...

Breve um blog um pouco diferente e novo, como são as fases da vida.
Seguindo o momento, amantes do cinema: aguardem.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A MANHÃ VERDE

A manhã nasceu verde
com o surgir do sol.
Não consigo imaginar outra cor para a manhã.
Uns hão de dizer:
É rosa!
É amarela!
É azul!

Eu vejo a manhã verde.

Horizontes

Minha alma anseia
por horizontes
Meus olhos não viram
ainda não viram
o que têm pra ver

Meu coração espera
por transbordar
por repartir
e acelerar

Num giro cheio
de luz e verdade:
horizonte
e paisagem

SEM TÍTULO

O poeta
quando não sente
não é poeta.
O poeta come
dorme
coça
fala.
Mas tudo faz
tudo vê
tudo diz
com seus olhos
de poeta.
Não há nada que o liberte
de sua condição.
E vive
e come
e dorme
incondicionalmente
como poeta.
E sempre
inevitavelmente
o será.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Olhando o sol morrer...um poemeto momentâneo

Tenho poemas escondidos
na gaveta empoeirada,
na velha escrivaninha
da minha vida
Espero que um dia saiam pelo mundo
a cantar o que sinto
e o que percebo:
Um derradeiro pôr-do-sol
com uma réstia de esperança
a cantar meus cantos
espalhados pelo vento

quinta-feira, 11 de março de 2010

Para Alexandre Malta

Assim, me despi de olhares
que sozinha inventei.
E me fiz em mil pedaços
para então me encontrar.
Vesti luas incertas
Trilhei ruas estranhas
Sofri horas sem conta
Pra ouvir teu murmurar
Sorvi teu doce encanto
e guardei dentro do peito
Vivi a imensidão
de um único olhar.
E hoje somos nós
assim, bem como um
E não há abraços loucos,
nem risos, nem sonhos,
que traduzam nosso amar.




O VENTO PRODUZ SONS ESTRANHOS

O vento produz sons estranhos
Parecem reclamar de algo
Só a lua é testemunha
do meu desencanto.
Grossas gotas de cristal
atravessam minha face
E sozinha me pergunto
que sonhos sussura o vento
Que segredos se escondem
entre os galhos retorcidos
da árvore que geme e dança?
Que mistérios se encontram
entre sombras que se movem
e minha alma não alcança?
O vento produz sons esntranhos.
Sons soturnos
Indecifráveis